6 de abril de 2011

Minhas impressões sobre o curso de noivos


Há duas semanas fizemos o curso de noivos. Confesso que fomos com bastante má vontade, cheios de preconceitos em relação à obrigação, à validade e a proposta do curso, mas no final das contas foi bom ter passado por mais essa experiência juntos. É engraçado como esse tipo de situação fortalece o casal. Parece um pouco de balela, eu sei, mas é engraçado como faz a gente se unir, ficar mais forte, nem que seja para escapar da interação do curso de noivos.

Tudo, como sempre, começou com apresentação dos casais. Tirando a vergonha que a gente fica, foi até bonitinho. A gente deveria dizer o nome, há quanto tem estava junto e a principal qualidade do nosso noivo. Quando esses momentos acontecem eu fico cheia de vergonha, mas confesso que adoro assistir às pessoas se apresentando. Gosto de ver o comportamento delas, como elas usam as palavras, de que forma o corpo se expressa. E achei bonito. Sou canceriana, romântica por natureza e me encanta ver esse tipo de coisa - desde que não seja nenhuma declaração de amor daquelas mega explícitas, porque aí já ficou brega!! Ah, a minha maior qualidade, dita pelo Diogo, foi meu senso de humor. A pessoa que faz piada de tudo. Daí vocês podem tirar que o curso de noivos foi, no mínimo, engraçado.

Depois seguimos com a palestra de um padre da paróquia. A palestra foi cansativa; a linguagem abordada era bem confusa e parece que a igreja ainda faz questão de usar temas rebuscados apenas para impressionar. Pra ser sincera, eu não entendi ainda o que o padre queria dizer, e também acho que a participação dele foi meio desnecessária. Acho que se estamos ali, duas noites durante a semana (uma delas era feriado, pasmem), é porque, no mínimo, respeitamos e valorizamos a instituição católica, apesar de seus muitos tropeços durante toda sua existência.

Era a vez então de um casal, juntos há quase 30 anos, conversarem conosco. Acho um pouco pretensioso a pessoa que acha que tem a vida perfeita e se julga capaz de aconselhar os outros, mas no final das contas, eu gostei do que ouvi. Claro que é preciso filtrar muita coisa, mas acho que o bate-papo foi bem válido. Eles contaram um pouco de sua experiência de vida, mas com humildade, com coração aberto, sabe? Achei bonito. Eu não tive a sensação de que eles se achavam o casal mais correto do universo, e isso fez com que eu pudesse absorver as coisas boas que eles queriam contar. Eles propuseram um questionário, chamado de "Projeto de Felicidade". Um pouco bobinho, mas se tratava se uma séria de questões importantes sobre o futuro, sobre conversas chatas que devemos ter e muitas vezes deixamos o romance nos levar e não pensamos racionalmente. A idéia era meio pretensiosa, acho que não gostei foi do nome, mas o questionamento era plausível. Questões como quem vai pagar as contas, quantos filhos queremos, vamos ficar com nossos pais na velhice e por aí foi. Questões difíceis de se conversar, eu sei, pois eu e o Diogo já passamos por essa etapa, mas achei bem interessante como a conversa fluiu. Em grandes grupos como este, com pessoas desconhecidas, eu fico mais quieta, não gosto de expor a minha intimidade, mas gosto de ver o depoimento dos outros casais, não com o objetivo de comparar, mas sempre pensando no que eu podia filtrar de bom daquilo tudo. Eis que a primeira noite de curso terminou e o saldo, para mim, foi positivo.

A segunda noite começou com uma palestra sobre finanças com a palestra de um senhor que havia sido gerente de um grande banco. Achei o cara meio arrogante, meio sabichão demais e a palestra dele, me desculpe, foi bem fraca. O objetivo era falar sobre economia doméstica e ele não conseguiu cumprir o que propusera. Fez duas ou três continhas dizendo como a gente deveria guardar R$100 por mês pra ficar rico (tipo, em que mundo ele vive?) e depois começou a falar como tudo era perfeito na vida dele. Acho que era mal de primeira palestra. Após o intervalinho era a vez de uma médica ginecologista abordar o tema da sexualidade. Medo né? O que será que vem por aí!? Mas a palestra começou muito legal. A palestrante estava aposentada, mas trabalhou com mulheres durante 30 anos, e tinha uma linguagem bem despachada, foi engraçado ver um tema tão cheio de tabus pela igreja católica sendo tratado como algo bem comum. Estava tudo bem até ela falar de algumas doencinhas femininas, como a candidíase e uma outra de que não lembro o nome, e simplesmente escreveu no quadro o nome de um medicamento para tal doença. Tipo, se vocês tiverem esses sintomas, usem isso aqui. Achei tão imprudente!!! Uma médida permitir que as próprias mulheres diagnostiquem uma coisa séria e usem o medicamento prescrito por ela, sem saber se aquilo é mais indicado, sem saber o histórico do paciente, sem uma consulta. Achei super errado, e aí ela começou a perder credibilidade comigo. Mas o negócio desandou mesmo quando ela começou a falar de planejamento familiar e começou a descer o sarrafo na pílula e no DIU. Disse que ambos davam câncer, que interferiam na menopausa, que iam causar mil doenças. Depois começou a falar que o DIU só foi liberado no Brasil porque o FMI (até o FMI entrou no rolo) não queria que nosso país evoluísse e praticamente disse que essa bendita evolução da medicina era parte de uma grande teoria da conspiração. Aí eu te pergunto, como evitar uma gravidez então? Ahhh vamos voltar ao passado! Tabelinha! Por que não? A médica indicou então que usássemos métodos pra lá de arcaicos, nada seguros e extremamente questionáveis, que não consideram o ciclo, nem a saúde da mulher. Eu fiquei boba com tudo aquilo. Achei uma volta ao passado e um perigo uma médica, com 30 anos de estrada, dar aquele tipo de conselho a um grande grupo. O maior problema, a meu ver, é que muitos casais ali eram muito simples, daqueles que escutam o que os outros falam e tomam como verdade, sem questionar. Tenho certeza de quem muitos levaram a sério tudo o que ela falou, sem nenhum questionamento. Achei muito imprudente, fiquei super nervosa com aquilo, mas depois, conversando com o Diogo, foi o diagnóstico científico dela, em que muitos vão acreditar, e que vai certinho ao encontro do que a igreja prega, sendo que a igreja em nenhum momento precisou dar um grande discurso condenando o uso desses métodos contraceptivos. Logo seguimos para o encerramento do curso, mas eu estava irritada demais. O final foi bem bonitinho, separaram homens e mulheres em duas salas e no final os futuros maridos voltaram com uma rosa pra gente. Foi fofo, foi fofo!

Enfim, posso dizer que o curso foi válido sim. Acho que tudo é positivo, de tudo a gente consegue tirar alguma coisa boa. Não posso dizer que não gostei 100% do curso, ouvi muitas coisas positivas, ouvi depoimentos legais, ri bastante durante as palestras chatinhas. Não estou dizendo que você não deve fazer o curso, que ele é ruim ou qualquer outra coisa. Existem vários tipos de curso de noivos, até porque não existe uma regra do que este curso deve ser; logo, método, estrutura e conteúdo diferem de uma paróquia para a outra. Essas são as minhas impressões, o que eu achei, um pouco do que eu penso. Mas, apesar de ter gostado de muitas coisas que vi e ouvi, só tenho um recadinho para quem ainda precisa fazer: boa sorte!!!!! Afinal, sendo de humor é a minha principal qualidade :)

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